O mundo contemporâneo resolveu vestir-se de Sociedade de Consumo. Não, esperem!, não vou escrever sobre a doença que é moda no planeta de hoje... Aliás, até vou começar com uma coisa dita antiquada.
Provérbio popular: Quem não quer ser lobo, não lhe vista a pele.
Eu não sei bem porque é que fui pegar nisto - e logo eu a ir buscar frases feitas do tipo clichê -, mas a verdade é que eu queria falar sobre Rótulos.
Um Rótulo é constituído pela informação referente a um produto, que é apresentada, geralmente, por escrito na sua embalagem. Posto isto, pensei em quê? No consumo? Errado. Na sociedade, nas relações interpessoais, nas expectativas.
Sou estranha? Bem, talvez.
De facto, cada vez mais me parece que isto de rotularmos todos os que nos rodeiam é algo que nos está intrínseco, no que se refere ao relacionamento com o próximo. Reparem:
. Primeiro, apreendemos o outro, no sentido em que captamos algo sobre ele por algum dos nossos sentidos, geralmente a visão e a audição.
. A partir da informação que obtemos, seleccionamos e processamos aquilo que consideramos relevante, preenchendo um género de um ficheiro marcado com aquela cara.
. Posteriormente, sempre que aquela cara aparece em qualquer lado, pimba!, sacamos do ficheiro, revemos a informação e esperamos algo de acordo com ela.
Isto só acontece no raio que me circunda, ou é um procedimento que prolifera em todos os cantos?
Deste modo, nunca somos bem imparciais na avaliação que fazemos da atitude do outro, porque previamente já analisamos tudo o que dele vem de acordo com uma descrição que elaborámos e gravámos.
Ora, isto acarreta alguns problemas, entre os quais o facto de neste tipo de Rótulos não haver regulamentação alguma por qualquer tipo de órgãos específicos, como acontece nos rótulos que vemos no supermercado. Assim, cada um organiza a quantidade e a qualidade de informação que desejar, quer derivada de uma apreensão directa, quer de uma indirecta sem qualquer tipo de validação de fontes e pronto, essa pessoa fica sujeita à avaliação de acordo com o ficheiro que lhe corresponde, independentemente de mudanças, evoluções, ou até más apreensões.
É injusto, não é? Bem, eu para minha mãe tenho o mesmo Rótulo de "Filha" desde há muitos anos... e foi ela que me vestiu assim!