segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Cirque du Soleil

Nas profundezas daquela misteriosa floresta mágica, alojada no topo do vulcão, ganha vida todo um extraordinário mundo no qual tudo é possível.

O jovem Ícaro cai do céu, vítima da própria irreverência que o aproximou do sol, e dá-se início a uma história esquecida. Uma história jamais ouvida, contada por personagens místicas que são criaturas fantásticas de mil metamorfoses e que nos acompanham na nossa própria viagem pelos caminhos absurdos e misteriosos da aventura que é a redescoberta da vida.

É em VAREKAI (“onde quer que seja” em Romani), naquele intervalo de tempo, que pode durar quanto cada um quiser, que começa o inesperado encantamento. Pronunciado naquela estranha língua, em desajeitados coros entoados sem uníssono, como hino ao espírito nómada e à alma circense, este encantamento transporta-nos para qualquer lugar.

Afinal, o que aconteceu ao Ícaro depois de cair?
E o que nos acontecerá a nós?

domingo, 1 de janeiro de 2017

Past - Present - Future tense...

o limiar.
a dificuldade de decidir se é um sim se é um não;
se parar ou continuar, se desistir ou tentar uma vez mais...
se levantar ou cair, se pousar no passado, no presente ou no futuro,
esvoaçando, para a esquerda ou para a direita,
sobrevoando hoje aquela memória de ontem para amanhã...

uma corda bamba, em constante desequilíbrio.

um abismo, um vazio, um mar de fragmentos,
uma falta de unidade... uma ameaça ao "eu".

... in the between.

sábado, 31 de dezembro de 2016

Grandes Amigos Grandes

Reconheço que o tempo é o meu bem mais escasso.

Parece que o abandonei nos bancos de escola, que o ingeri diluído na cerveja académica, que o fui despejando às mijinhas nas viagens pelo mundo, ou que o entreguei às pessoas com quem partilhei aventuras...
Hoje reconheço que é um luxo disperso: o famoso "tempo a mais".

E é interessante esta tendência diretamente proporcional - não sei se generalizada: vemos cada vez menos os nossos amigos, ainda que sejam em número mais reduzido e, mesmo assim, o tempo nunca é suficiente! Para não falar na tendência inversamente proporcional da distância física a que estamos deles que, na maioria dos casos - e pensando nos meus grandes amigos emigrantes -, se apresenta como progressivamente superior.

Nesta quadra festiva tenho-me encontrado com alguns dos meus grandes amigos - dos fósseis aos mais verdinhos - já todos grandes. Nada falha.
Só o tempo corre... escorre, esvai-se deliciosamente, por entre copos e garfadas, ao ritmo de alegres gargalhadas ou lágrimas mais ou menos íntimas, misturadas com a doce nostalgia do que foi com o que continua a ser e nos corre nas veias.

Os promissórios votos para o Ano Novo têm-se vindo a intensificar ao longo dos últimos anos num desejo convergente de gente grande: mais encontros e viagens, mais copos e garfadas, lágrimas e gargalhadas, e tempo... queremos mais tempo.
Que venha 2017!

quarta-feira, 3 de março de 2010

Saudades... dos 20.

Bom dia, 21º aniversário. - sem entusiasmo.

O que eu queria era poder dizer "Bom dia, família! Bom dia, amigos!". Incrivelmente - especialmente, para quem me conhece -, tenho saudades... profundas, fortes e inegáveis saudades.

Hoje preciso de espinafres; se dão força ao cowboy, porque não a mim?



Hoje queria Lisboa.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Almost 21.

A vida de erasmus não é fácil. Estão-se a rir? Não é mesmo.
Não pensem que isto é só festa e pessoas novas e essas aldrabices... Não! Também temos muitas aulas - isto não acontece a todos, mas aconteceu-nos a nós -, temos de tratar de refeições, temos de fazer compras, temos de gerir o dinheiro, até as festas temos de gerir e as pessoas - porque, às tantas, tudo começa a bater mal de tanta convivência tantas horas!

Não, não me estou a queixar; estou a dizer que não é fácil.
Olhem, tanto que não é fácil que já não escrevo nada aqui há uma série de tempo! E tanta coisa aconteceu entretanto...

A minha família esteve cá e eu visitei a cidade de Lublin, Krakow e um dos campos de concentração de Auschwitz; houve o City Tour para os estudantes de erasmus e lá fui eu de novo visitar a cidade de Lublin, mas também os arredores, dando uma vista de olhos pelo campo de concentração de Majdanek; limpando a fundo o quarto, encontrámos tanta, mas tanta porcaria...; caí a tentar patinar no gelo e fiquei com uma bolha e agora uma ferida que me dura há uma semana e meia; alterámos a logística de divisão de despesas aqui entre as minhas colegas porque a antiga não estava a funcionar; lavámos a roupa em máquinas que nunca tinha visto antes, que são de um tempo antigo; fui apanhada por dois senhores polícias de preto por ter atravessado a estrada num sinal vermelho; tive as primeiras aulas; tudo isto para além das já sabidas festas e dos convívios.

Falar-vos-ei mais detalhadamente sobre isto, em breve - espero eu.

Agora, quero é partilhar que faltam dois dias para o meu 21º aniversário e que é nesta lufa-lufa que ele acontecerá, longe da minha família e dos meus amigos mais próximos, agora distantes. Acordei há uma hora e estou à espera da minha colega de quarto para sairmos, mas nem me apetece acordá-la: precisava deste tempo para mim.
A vida de erasmus não é fácil.



Estou em Lublin, na Polónia.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

I Arrived!

- Mas quem é que se esquece do bilhete de avião e se lembra apenas a caminho do aeroporto?

Esta era a pergunta que não parava de ecoar na minha cabeça quando, na terça-feira de manhã, estava a voltar para trás, após uma meia hora de trânsito, o que significava quase um atraso. Felizmente, tudo correu bem e - lá estava eu -, já no avião, não consegui descansar nada.
A viagem do aeroporto de bus até à estação de comboios e depois de comboio até Lublin, foi uma verdadeira aventura, de 7 raparigas com o triplo - ou mais! - malas, quase todas muito pesadas, mas cá chegámos.

Então, a primeira noite foi mesmo agradável, num ambiente muito familiar. Novo país, nova língua, novas palavras, novas comidas, novas amigas... novo sono!
Na manhã seguinte, lá nos dirigimos até à residência, onde encontrei a minha mentor e os das minhas colegas e outro pessoal de erasmus - a maioria espanhóis! Seguiu-se uma refeição entre pequeno-almoço e almoço - não sei bem! -, compras, arrumar o quarto, tentar socializar e descansar, cozinhar, jantar e... sair.
Primeira saída em erasmus? Nice & relaxed.

Tempo de descanso: amanhã começa o nosso programa como alunos estrangeiros, onde nos vão apresentar a universidade e a cidade. Veremos.


Estou com um pé na Polónia e outro em Portugal.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Home.

Estou no meu quarto. Sentada em cima da cama, pernas cruzadas e portátil pousado sobre estas. Mantenho uma luz fraca acesa, como se fosse uma luz de presença que impede que o único denunciador d'A-Mi-Ainda-Acordada seja o som dos dedos a pressionar as teclas.
O barulho das pingas a bater nos parapeitos simula um prolongamento suave da chuva; de resto, reina o silêncio, mas um silêncio... vazio.

Olhando à minha volta, o meu quarto parece-me... despido.
A minha secretária está incrivelmente arrumada e organizada porque pouco ou nada tem sobre ela, a não ser o candeeiro e umas latinhas com algumas canetas e outras coisas - que eu nem sei bem -; tudo o resto, ou levo comigo, ou mudou de lugar na profunda arrumação que tive de fazer antes de começar a pensar o que tinha de colocar na mala e o que podia deixar para trás.

Cinco meses; são só cinco meses e tenho aquela sensação de mudança, mas em vez dos caixotes de cartão cheios de coisas, tenho umas três malas empilhadas à beira da cabeceira da cama... e ainda muita coisa resta nas prateleiras, especialmente livros, bem como a guitarra que, apesar de estar arrumada e parecer pronta a partir, não me acompanhará na minha viagem - infelizmente.
Não fosse o limite de peso de bagagem e muito mais levaria, muito mais do meu quarto - o meu mundo -, como que reconstruído por uns meses noutro local geograficamente distante; mas há o limite.

Fotografias: levo algumas e aposto que receberei muitas mais enquanto estiver por lá - desde já, obrigada a todos os que contribuíram -; serão colocadas nas paredes, em molduras, até no tapete do rato e no porta-chaves... Porquê?
Porque são as pessoas que me fazem sentir no meu mundo. Não é o quarto, em si, os móveis ou assim que o tornam tão seguro, tão meu; mas as pessoas.
As pessoas que estão nas fotografias, as pessoas que me deram os peluches, as pessoas que me escreveram dedicatórias nos espelhos, as pessoas que me ofereceram uma bola de basquete ou um botão gigante de cartão, até as pessoas que me ajudaram a pintar a minha parede de cor-de-laranja, as pessoas que já aqui dormiram, as pessoas que já aqui se sentaram a conversar, as pessoas que já me fizeram perder a noção do tempo enquanto representavam papéis principais na minha mente... as pessoas.


O meu quarto, o meu mundo, a minha história, a minha pessoa... são as pessoas e são estas que eu levo - de qualquer das maneiras, esteja eu onde estiver - comigo, sempre.
Amanhã não será excepção: preparem-se para o frio que amanhã também viajam para a Polónia.