sábado, 31 de dezembro de 2016

Grandes Amigos Grandes

Reconheço que o tempo é o meu bem mais escasso.

Parece que o abandonei nos bancos de escola, que o ingeri diluído na cerveja académica, que o fui despejando às mijinhas nas viagens pelo mundo, ou que o entreguei às pessoas com quem partilhei aventuras...
Hoje reconheço que é um luxo disperso: o famoso "tempo a mais".

E é interessante esta tendência diretamente proporcional - não sei se generalizada: vemos cada vez menos os nossos amigos, ainda que sejam em número mais reduzido e, mesmo assim, o tempo nunca é suficiente! Para não falar na tendência inversamente proporcional da distância física a que estamos deles que, na maioria dos casos - e pensando nos meus grandes amigos emigrantes -, se apresenta como progressivamente superior.

Nesta quadra festiva tenho-me encontrado com alguns dos meus grandes amigos - dos fósseis aos mais verdinhos - já todos grandes. Nada falha.
Só o tempo corre... escorre, esvai-se deliciosamente, por entre copos e garfadas, ao ritmo de alegres gargalhadas ou lágrimas mais ou menos íntimas, misturadas com a doce nostalgia do que foi com o que continua a ser e nos corre nas veias.

Os promissórios votos para o Ano Novo têm-se vindo a intensificar ao longo dos últimos anos num desejo convergente de gente grande: mais encontros e viagens, mais copos e garfadas, lágrimas e gargalhadas, e tempo... queremos mais tempo.
Que venha 2017!