sábado, 28 de março de 2009

Finalistas.

Sou um frustrado pré-finalista, supostamente, do 11º ano, a iniciar, de um modo super deprimente, a interrupção lectiva da Páscoa.
Como os meus dias se afiguram repletos de actividades interessantes, resolvi meditar sobre um assunto de igual alto nível de interesse: viagens de finalistas - sou mesmo frustrado, reflicto antecipadamente sobre este género de assuntos e tudo!

Afinal, por que raio existem viagens de finalistas?
Ora bem, pelo nome, este tipo de viagens deveria referir-se a um grupo de alunos finalistas - no que quer que fosse - que se juntariam para rumar a algum lado - qualquer que fosse.
Muito bem, deveria... mas será que é assim? Vejamos:

As viagens de finalistas dos alunos do secundário, por exemplo, não ocorrem efectivamente no final do ano lectivo, nem tampouco no final do último ano lectivo de ensino secundário, para muitos... não é verdade?
Aliás, no final de um 2º período de 3, quem é que é já finalista? É que não são poucos, aqueles que normalmente demoram mais do que três anos a despedirem-se da sua escola secundária...
E depois, há sempre os/as que vão e ainda nem estão no 12ºano, ou os/as namorados/as de uns/mas e outros/as, ou até aqueles que já foram para a faculdade, mas gostaram tanto de ir no ano anterior que decidiram repetir.

E agora dou comigo a dispersar...
Qual deveria ser o objectivo de uma viagem de finalistas? Passear? Arejar? Conhecer sítios novos? Aumentar a cultura? Conviver?
Talvez todas estas juntas... desde que, no fim, viajantes se lembrassem daquilo que experienciaram e não só daquilo que vomitaram todas as madrugadas, acompanhado de dores de cabeça terríveis.

Acho que dispenso alguns tipos de viagens de finalistas...


MI: a Maior Idiota.

terça-feira, 24 de março de 2009

Expressão.

Não consigo!

Bolas, não consigo escrever. Não que me faltem temas ou ideias, mas não consigo escrevê-las! Até salto acontecimentos importantes, por causa desta incapacidade.
Não tenho tempo para escrever; tenho tempo, algum, pouquinho, mas não é para escrever, ou porque não é suficientemente longo, ou simplesmente porque não é e é ou deve ser para outra coisa qualquer. Não sei.
O que eu sei, é que não consigo escrever. E não conseguir escrever dá-me qualquer coisa parecida com náuseas, que me incomodam o espírito pesado, por não expressão.

Decidi expressar-me, mesmo sem conseguir escrever:

-Não consigo escrever!

quinta-feira, 19 de março de 2009

Ciúmes.

De acordo com uma senhora psicóloga, uma reacção complexa a uma ameaça perceptível a uma relação valiosa ou à sua qualidade é denominada ciúme. E esta reacção é bem complexa, sim!

De facto, não é fácil lidar com aquele ímpeto que nos vem de dentro e que brota num vomitado incontrolável - parece-nos. Implica treino, muito treino e muitos sapos engolidos e vacinas contra a sensibilidade, combinadas com uma dose enorme de exercício racional... E isto ajuda-nos na maior ou menor exteriorização que permitimos da reacção denominada ciúme, agora em relação ao sentir, isso já é outra conversa!
Claro que, por muito que eu me esforce e seja bem sucedida na não demonstração de sentimentos, no que toca à não existência de sentimentos - a insensibilidade -, já é um caso bem mais bicudo!

Ainda assim, eu não creio que seja uma pessoa muito ciumenta: tenho um nível de ciúmes muito saudável - digo eu, para me animar! Mas sinto, sim, às vezes, e na maioria das vezes não os deixo passar cá para fora, e seguro o ímpeto relativamente à ameaça.
Mas a que tipo de ameaça? Pois, esta é outra coisa interessante... Muitas vezes, quase que se limita este tipo de sentimento ao amor (extra)conjugal e afins, mas há mais! E eu sinto-o...


Tenho ciúmes, sim, tenho ciúmes, amigo! Tenho ciúmes daqueles que estão mais próximos de ti no quotidiano, mais próximos do que eu, (quase) tão próximos como eu estive naquela altura em que cheguei onde nunca ninguém mais tinha chegado contigo! Tenho ciúmes...

... e sinto a tua falta.

Onde estás? Volta!

sábado, 14 de março de 2009

Até logo.

14 de Março de 2008:

"Aquele ser humano tão puro e grandioso, deitado ali, com uma aparência tão serena quanto o seu espírito - chegara a hora, o momento da partida!
O céu estava escuro. A sua respiração foi gradualmente ficando mais fraca, mais lenta... até cessar. E o céu continuou escuro: não surgiu um clarão de luz no meio da escuridão, as estrelas não começaram todas a explodir, não se elevou um coro de vozes angelicais - fortaleceram-se os laços, aproximaram-se as pessoas... sente-se a Família.

Não foi uma partida vulgar, foi alcançada com um "sim".
Não foi causadora de tristeza, mas abraçada com alegria.
Não é uma pessoa que parte, fica entre nós... Basta dizer:

- Até logo. Lá nos encontraremos."


E passado um ano, sente-se este mesmo ambiente de Família, que move pessoas de todas as partes do globo, numa homenagem especial a alguém que tão plenamente conseguiu ser (e fazer) feliz... e que continua a fazê-lo! - é aqui que está a grandeza de um ser humano, na medida em que a sua passagem pela Terra marca profunda e positivamente tudo e todos com que contacta, através do seu Amor.

"Alla fine della vita, porteremo via solo questo: l'Amore, il resto è nulla." (Lubich, C.)

Assim o disse, assim o fez (atrevo-me a dizer quase) melhor que ninguém. Assim me ensinou - obrigada!

sábado, 7 de março de 2009

Agradecimento.

Jamais tinha imaginado o poder que os que me rodeiam têm de me fazer sentir no topo do mundo.

Esta semana do meu 20º aniversário, senti-me importante; uma pessoa a quem tantas outras querem o bem; uma privilegiada afortunada como tudo - senti-me no topo do mundo. Não senti que tinha tudo e todos a meus pés, mas que tinha tudo e todos comigo, do meu lado - juntos no topo do mundo.
Não é fantástico?

Dei-me conta de que não é a minha dedicação exemplar ao estudo, nem a minha capacidade de fazer desporto, nem a minha habilidade estupenda para tocar instrumentos, nem o meu excepcional gosto pelas lides domésticas, nem... (tudo hipotético) que me caracteriza, mas sim as pessoas; as que me rodeiam e que de algum modo me seguem, ou que seguem comigo, na minha vida.
Eu adoro pessoas e, por algum motivo mais ou menos desconhecido, elas gostam de mim; e é isto que faz de mim uma pessoa feliz, sempre, de cara alegre.


"Quando uma só pessoa marca de maneira tão duradoura e em apenas duas décadas um número tão grande de pessoas, julgo justo concluir que há algo de invulgar nela." - escreveu alguém num grande postal feito e assinado pelos que puderam estar presentes no jantar em que celebrei alargadamente o 20º aniversário.

Obrigada, a todos - aos que puderam estar ou fazer-se presentes de algum modo, e aos que não puderam -, a todos. A vós: espero conseguir estar e ser à altura, à vossa altura, enorme.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Duas Décadas.

Aos cinco minutos do dia 3 de Março de 1989...


Nasci. Berrei. Esperneei e esbracejei. Chorei. Pestanejei muito depressa. Descobri a luz, a cor, o contraste, o movimento, a forma, o som, o cheiro. Fui descobrindo o mundo. Criei os primeiros laços. Fui feliz. Fui bebé.

Vivi a infância. Autonomizei-me um pouco. Observei, perguntei, compreendi. Aprendi muito. Fui à escola. Parti o queixo e o sobrolho. Fiz asneiras. Chorei quando vi o Pai Natal. Socializei. Senti saudades de alguém. Comecei a praticar natação e basquetebol. Fui maria-rapaz. Brinquei com os meus irmãos. Passeei pelo país em família. Experimentei um congresso internacional em Itália. Fui feliz. Fui criança.

Atravessei a puberdade. Julguei-me auto-suficiente. Perdi-me. Pensei, reflecti, teorizei. Procurei-me. Fechei-me em mim. Escrevi muito. Descobri as imperfeições familiares. Carreguei problemas difíceis, resolvi embrulhadas complicadas. Guardei segredos. Fui estimada por todos. Fui admirada. Quis fugir, mas fiquei. Engoli e sorri. Reencontrei-me e recomecei. Entreguei-me ao desporto. Cresci no meio do basquetebol, fui campeã e capitã. Encontrei o estilo de vida que queria, defini valores-base. Conheci pessoas para a vida. Construí relacionamentos. Viajei pelo centro-norte do país. Fui a França à Disneyland. Fui a mais congressos internacionais em Itália. Fui feliz. Fui adolescente.

Entrei na juventude. Recomecei com verdadeiras mudanças, do interior para o exterior. Conheci o meu lado inconstante. Redefini-me. Procurei a coerência de princípios. Melhorei-me na doação aos outros, tornei-me boa a estabelecer relacionamentos verdadeiros. Fui ao céu com um namoro e aterrei firmemente no solo uns tempos depois. Fui forte. Fracturei o nariz e sofri pelo período de reestabelecimento. Descobri um problema na articulação da anca e penei por me despedir do desporto. Não desisti, mas aceitei. Cresci e estudei, trabalhei em part-time e tirei a carta de condução. Reestruturei prioridades. Viajei até ao Luxemburgo de carro, por espanha e frança. Experiências fortes de família. Fui feliz. Fui jovem.

Cumprimentei a idade adulta. Perdi pessoas e ganhei em dobro ou triplo, com outras pessoas. Aprendi esse custoso ciclo da vida. Descobri a vida académica. Senti o sabor amargo da auto-desilusão misturada com derrota pessoal. Não consegui e desisti e decidi mudar. Recandidatei-me. Despedi-me de relacionamentos de um ano estupendos. Recuperei milagrosamente o desporto e retomei com moderação. Iniciei-me na bateria de um conjunto musical. Subi ao palco, em unidade. Entreguei-me precocemente e mudanças levaram a um fim. Ia caindo para o lado de incredulidade. Recomecei mais forte ainda. Reforcei as linhas de conduta da minha vida. Fiz uma escola de formação internacional em Itália. Fui a Praga, na República Checa. Fui a Inglaterra. Fui monitora de uma colónia de férias. Quis emancipar-me, mas redescobri a família. Fui passar o Natal a Barcelona. Recuperei contactos perdidos com o tempo. Fui feliz. Comecei a ser adulta.


A 5 minutos após o final do dia 3 de Março de 2009, completas as duas décadas de existência mais um dia...
. assinalo o re- de "recomeçar" cada vez mais frequente e imediato,
. maravilho-me com o "descobrir" constante e intemporal,
. reconheço a exponencialmente positiva de importância dos relacionamentos verdadeiros na minha vida, não mencionando nomes, pois perder-me-ia,
. estou certa que há algo que se manterá, o "Fui feliz.", eu sou feliz.

Já sou grande? Hei-de ser.

terça-feira, 3 de março de 2009

Um Quinto.

Faltava só uma hora e ela ainda estava a sair da banheira. Enrolada numa toalha, com uns pingos de água a escorrerem-lhe dos seus caracóis pelas suas costas, abria e fechava o roupeiro, remexia em sacos dentro de sacos, ia compondo a sua toilette especial em cima da cama. Só falta uma hora!
Veste collants e escolhe o soutien, calça sapatos, passa o vestido, seca e estica o cabelo, veste o vestido, veste as mangas, põe uns ganchinhos, coloca a pulseira, completa com o colar swarovski. E o perfume! Está na hora.

Entra no carro com o maior sorriso do mundo e maravilha-se - Está tão lindo ele... Fatinho, gravata, sapatinhos, até botões de punho! E fez a barba e tudo. - Oh maravilha! E a noite ainda é uma criança.
Jantar a dois muito chique, num restaurante moderno, com direito a um mimo do chefe e a um empregado mais que prestável. Um momento tão privado de paraíso... Somos crescidos. Vamos a um copo ou a um belo café com natas num outro espaço igualmente agradável... O nosso glamour faz-se notar. Aproximam-se os vinte!

Ele leva-me a casa, sobe e entra - Já é família! Cumprimentos, pormenores da noite, conversas descontraídas e gargalhadas moderadas felizes, fotografias para congelar o momento e recordá-lo na história pessoal. Já é meia noite, só mais cinco minutos.

5... Ele.
4... A Mãe.
3... O Novo.
2... O Pai.
1... O Velho.

0: Um quinto de século! Obrigada.

domingo, 1 de março de 2009

Vandalismo.

Naquela manhã, o silêncio dormente foi interrompido pela campainha da porta do prédio. Porém, "Oh, alguém vai lá..." e não tive de abandonar o meu leito de quentinho aconchego.
Entregando-me de novo à preguiça, começo a ouvir a minha mãe a soluçar, o meu pai a andar freneticamente de um lado para o outro e o meu irmão a bater com o punho cerrado em cima da mesa e a falar alto e atabalhoadamente. "Ups, acho que é melhor ir ver o que se passa!", pensei eu, de coração aos saltos, a bater tão fortemente que quase o sentia na planta dos pés enquanto caminhava descalça até às pantufas arrumadinhas.
- O que se passa? Que aconteceu?
- Roubaram-nos o carro.
- Mas qual carro? - O pai respondeu desviando a cortina da janela da cozinha que dá para as traseiras do prédio, onde todos os inquilinos estacionam os respectivos automóveis. Parecia-me bem, intacto. - Mas pai, que tem o carro? Está no sítio...
- Partiram o vidro do lado do condutor. Não se vê daí... - tirou-me as dúvidas, o meu irmão.
- E não foi só o nosso: mais três carros deste estacionamento e dois da rua ali em cima. - acrescentou o pai.
- Porquê? E para quê? Estas pessoas só estão bem a prejudicar os outros! - foi dizendo a mãe, entre soluços de nervosismo.
A conversa familiar foi interrompida pelo barulho de pessoas e de um carro a chegar, lá nas traseiras. Era a polícia! "Oh, eu ainda estou de pijama..." e fiquei a ver da marquise.

Visto de cima, este reconhecimento dos acontecimentos revela-se realmente estúpido! Três sujeitos da autoridade fardados caminham à pinguim com as mãos nos bolsos; mais duas ou três pessoas por carro sinistrado, que abrem porta de um lado, entram do outro, remexem documentos e se perdem por entre gesticulações enquanto barafustam, sabe-se lá para quem; acrescentam-se uns curiosos que não têm nada a ver com o assunto, mas que foram alertados pelo barulho de gente naquela zona.

Resultado? Não roubaram nada de especial, estes seres vândalos que destroem intencionalmente bens e propriedades alheios; mas foram capazes de levantar umas 15 pessoas às 8h da manhã de um domingo e fazer com que aquela gente, mesmo vizinhos que mal se dão, falassem solidários uns com os outros, pelo menos durante 15 minutos.